— Os criminosos estão tendo dificuldades de vender drogas e alugar armas para a prática de crimes nessas áreas. Aliado a isso, ainda não se implantou um policiamento menos violento. A polícia está se impondo pela força, legitimada pela sociedade. A grande pergunta é: por que no Brasil precisamos ter tanta violência?
Para o ex-policial do Bope e antropólogo Paulo Storani, o crescimento da criminalidade se explica pelo deslocamento de bandidos para áreas onde não há policiamento suficiente.
— À medida que as comunidades foram ocupadas, os bandidos se deslocaram para regiões onde os batalhões da PM já não estavam dando conta, pois há um déficit de homens para o policiamento ostensivo — afirmou o especialista.
Para tentar mudar esse quadro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou, nesta sexta-feira, um reforço no patrulhamento das ruas, com mais dois mil PMs, a partir da próxima segunda-feira.
— Notamos um aumento gradativo da violência a partir do segundo semestre do ano passado. Inauguramos companhias destacadas, criamos delegacias de homicídios. E, agora, a partir de segunda-feira, colocaremos toda a polícia na rua (incluindo PMs em horário de folga). Estamos adiantando um esquema que seria implantado durante a Copa do Mundo, para dar a ostensividade necessária e tentar diminuir os índices — afirmou Beltrame.
O governador Luiz Fernando Pezão também adiantou que, na próxima semana, terá início uma parceria entre o estado e a prefeitura, na qual guardas municipais passarão a trabalhar no policiamento ostensivo, dando apoio a PMs. Pezão e Beltrame divulgaram as novas ações durante visita ao Complexo da Maré.
— Foi o prefeito que nos procurou, propondo a parceria. Começaremos pelo Centro — disse Pezão.
Em março deste ano, na capital, o número de homicídios teve queda de 6,7%, em comparação com o mesmo mês de 2013. Em fevereiro, no entanto, cujos índices também foram divulgados nesta sexta-feira, foi registrado um crescimento de 7,1% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Também em fevereiro deste ano, na Baixada Fluminense, foram registrados 126 assassinatos, um crescimento de 42,8% em comparação com fevereiro de 2013.
Em todo o estado, ainda na comparação dos meses de março, o número de roubos de veículos subiu 31,3%. No mesmo período, houve aumento nos roubos a transeunte: 46,5%. Em março, também houve crescimento, de 23,6%, nos autos de resistência (mortes em confronto com a polícia). Em fevereiro, a alta foi ainda maior: 96,5%.
O aumento dos índices de violência é visto pelo antropólogo Roberto Kant como reflexo da descapitalização dos traficantes por causa das UPPs:
— Os criminosos estão tendo dificuldades de vender drogas e alugar armas para a prática de crimes. Aliado a isso, ainda não se implantou um policiamento menos violento.
Para o ex-policial do Bope Paulo Storani, o crescimento da criminalidade se explica pelo deslocamento de bandidos para áreas com pouco policiamento:
— As comunidades foram ocupadas, e os bandidos foram para regiões onde os batalhões da PM já não davam conta.