Com fim da Copa, 37 mil temporários podem ser demitidos

Esses profissionais permaneciam trabalhando em junho e julho nos hotéis, bares e restaurantes
O movimento de dispensa desses trabalhadores pode afetar a taxa de desemprego no PaísGetty Images
Terminada a Copa do Mundo, o setor de serviços pode dispensar até 37 mil trabalhadores temporários que permaneciam empregados desde o último verão, à espera do aumento na demanda durante o evento. Esse é o número de contratados em regime temporário que permaneciam trabalhando em junho e julho nos hotéis, bares e restaurantes das cidades que receberam jogos do Mundial, segundo estimativas da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação).
O movimento de dispensa desses trabalhadores pode afetar a taxa de desemprego no País, que vem atingindo mínimas históricas mês a mês. A entidade leva em consideração um aumento sazonal de 5% no número de funcionários no setor durante a alta temporada. Normalmente, esses temporários são dispensados após o Carnaval, mas, este ano, os contratos teriam sido prolongados até a Copa.
O presidente da FBHA, Alexandre Sampaio, afirma que "pode ser que as dispensas ocorram agora ou só no fim de julho, porque ainda tem duas semanas de férias".
— Mas eu soube que em Natal, por exemplo, a temporada este ano está ruim, as pessoas deixaram de viajar por causa da Copa, então já pode ter dispensa.
Ano atípico
O fenômeno também ocorre em São Paulo. A cidade, que registrou queda no turismo empresarial por causa do Mundial, dificilmente deve recuperar o seu movimento original nos próximos meses, em parte, por conta da proximidade das eleições.
— Não vai haver tantos eventos para aumentar a demanda pelos hotéis. É um ano atípico, que envolve Copa e eleições. As pessoas não costumam investir nessa época, não vão abrir tantos restaurantes.
Confiança em queda
A percepção das empresas de serviços para o emprego nos próximos meses vem piorando, acompanhando a deterioração do humor dos empresários do setor. Segundo o Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a confiança do setor de serviços, após quatro quedas consecutivas, atingiu em junho o menor patamar desde abril de 2009, ficando em 103,5 pontos.
O economista Silvio Sales, consultor do Ibre/FGV, afirma que "é um setor que emprega muito e ainda vem sustentando algum saldo de geração de vagas no mercado de trabalho".
— Mas a percepção das empresas para o emprego no setor tem tendência declinante, que se acentua nos últimos três meses. A queda na confiança provavelmente impacta na intenção de contratação nos próximos três meses.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima que atividades relacionadas ao turismo contrataram 47,9 mil trabalhadores entre abril e junho, o que aumentaria ainda mais o potencial de dispensados ao fim da Copa. Os Estados que receberam partidas do Mundial seriam responsáveis por 29,5 mil dessas novas vagas.
O economista da CNC Fabio Bentes disse que "o enxugamento (de empregados) já está acontecendo".
— Esse verão foi esticado por causa da Copa do Mundo. A contenção desses temporários, assim como ajudou a baixar a taxa de desemprego um pouco antes da Copa, vai atrapalhar depois.
A última taxa de desemprego conhecida para o total das seis principais regiões metropolitanas do País é de abril, 4,9%, a menor para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde 2002. Os dados de maio foram divulgados sem as informações de Salvador e Porto Alegre, por causa da greve de servidores no órgão.

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