Questionada, na última sexta-feira (9) sobre o número recorde de mortos em supostos confrontos com políciais, atingido em março, a Polícia Militar afirmou que o aumento no número de crimes contra o patrimônio tende a provocar mais confrontos. Segundo a corporação, a absoluta maioria dos casos de mortos por PMs em serviço ocorre após casos de roubo.
Confira abaixo a íntegra da resposta da Polícia Militar.
“Toda instituição policial, a exemplo da Polícia Militar do Estado de São Paulo, tem como principal valor a defesa da vida. Por isso, busca-se constantemente reduzir as taxas de homicídio e a letalidade policial.
No tocante aos homicídios, o Estado de São Paulo vem conseguindo, de maneira sistemática, reduzir os indicadores, constituindo-se, hoje, num dos principais casos de sucesso no mundo.
A letalidade policial, contudo, é um fenômeno mais complexo, pois possui invariavelmente motivações diferentes. O homicídio, como se sabe, é um crime contra a pessoa. Já as mortes decorrentes de intervenção policial se iniciam, na quase totalidade dos casos, com uma ocorrência de crime contra o patrimônio.
Assim, num momento em que os indicadores de roubo mostram-se em elevação, é de se esperar que a quantidade de confrontos também se eleve, até porque a polícia, com o emprego de tecnologia de ponta, está chegando cada vez mais rápido aos locais de ocorrência e lá, tem se deparado muitas vezes ainda com a presença dos criminosos. Dessa forma, a chance de confronto também aumenta. Muitos infratores optam pelo confronto por temerem ingressar no sistema prisional (ou voltar para ele).
Embora exista a elevação na quantidade de confrontos, muito se tem feito para reduzir a quantidade de pessoas mortas em confronto com a polícia, a exemplo da medida adotada de se exigir socorro especializado nas ocorrências com confronto onde haja vítimas decorrentes, pois permite um atendimento mais adequado, ampliando as chances de sobreviver. No entanto é necessário observar que tal postura não irá diminuir diretamente a letalidade de forma rápida e consistente, pois ela é empregada após o confronto já ter ocorrido.
Ainda assim, a própria Polícia Militar vem adotando medidas importantes, como o ECOAR, citado pela reportagem, cujo principal objetivo é o de analisar a ocorrência com resultado morte e estudar alternativas de intervenção que poderão evitar o mesmo resultado em episódios futuros. A partir dos relatórios, podem ser alterados procedimentos, técnicas ou, até mesmo, modificados equipamentos.
Outra medida importante, também citada pela reportagem, é o PAAPM. O programa parte da premissa que uma ocorrência com alto potencial de risco não é algo rotineiro, comum, exigindo um suporte diferenciado ao policial que a atendeu. Desse modo, todos os policiais que se envolvem em ocorrências de alto risco passam compulsoriamente pelo programa, voltando às ruas somente quando forem considerados aptos pelo setor responsável.